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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

JUICY EXCLUSIVO: Entrevista a Supremo G aka Jimmy



Entrevista


Juicy : Jimmy, vou-te fazer uma pergunta que para ti já deve ser cliché, mas porquê Supremo G? Muitos pensam que é de Gangsta, mas não é pois não?


Jimmy : A cena do G prende-se com a palavra Guerreiro. Desde miúdo que o meu pai me contava histórias de guerreiros como Chaka Zulu, Zumbi dos Palmares, entre outros. Sempre apreciei esse tipo de narrativas daí o G no meu nome. No meu Rap, esse tipo de figuras são mencionadas com alguma frequência pois fazem parte do meu legado espiritual e cultural



Juicy: A primeira música que ouvi tua, foi provavelmente " Arte Popular". O que mudou no teu rap desde esse tempos?



Jimmy : O Rap em si não mudou muito. O que mudou foi a forma de o encarar e de abordar o mesmo. 

Antigamente escrevia tudo previamente antes de ir a estúdio,tinha temas em mente que sabia que mais cedo ou mais tarde iria abordar…Hoje isso é impensável. Faço tudo em estúdio, à medida que os produtores com quem trabalho vão compondo as faixas. Desta forma, é a musica que dita as regras. Deixo-me levar por ela, vou experimentando coisas para ver até onde me leva e o que ela me sugere. Só a partir daí é que começo a escrever. Hoje faço as coisas de forma muita mais natural e espontânea do que antes.
Hoje preocupo-me muito mais com aspectos que antigamente não dava muita importância; refiro-me à estética, à musicalidade e a perceptibilidade das coisas que faço.




Juicy: Ouvi dizer que estiveste em gravações para um novo videoclip, do teu próximo single. Como se chama o teu primeiro single e quando o vais revelar ao público ? 


Jimmy : Gravámos o video do street single do meu EP, intitula-se DOPE BOY. Contava disponibilizar o video quando chegasse aos 1000 views. Visto que chegamos aos 2000 em dois dias, foi muito mais rápido do que eu esperava. Vou esperar mais uma semana e disponibilzar o video completo em alta definição com o respectivo som para download.



Juicy:  Nos tempos que correm, muitos artistas optaram por começar a lançar os seus projectos em formato digital, serás um deles?

Jimmy : Não, essa é uma política que costumava adoptar para mixtapes. Como agora tenho condições para editar os meus projectos de forma independente, é o que farei daqui para frente.

Juicy : Quais são os temas a que recorreste no teu novo projecto?

Jimmy : Conforme expliquei antes, tenho feito as coisas de forma muito espontânea. Hoje em dia não posso falar concretamente em temas porque normalmente não digo “ hoje vou escrever sobre isto”. Depende muito dos beats, da música em si.
Não vou revelar, vou deixar que as pessoas oiçam e tentem descobrir por si.
Acontece que neste EP trabalhei maioritariamente com o Celso Morais ( também conhecido como Celso OPP ou Celso D-Masta ) e a cena ganhou contornos musicais inesperados. Há muito ambiente, muito oxigénio, muita cor nas faixas que tenho com ele, logo, independentemente dos temas há sempre alguma profundidade.
Normalmente não fujo muito daquilo que me inspira: a vida, os desafios, as alegrias, os problemas, as pessoas que me rodeiam, os meus sonhos…

Juicy: Tenho notado que fazes várias participações nos projectos de outros artistas, costumas pedir o " favor " de volta? Contas com muitas participações no próximo projecto?

Jimmy : Quando colaboro com alguém é porque vejo algo nesse artista ou no projecto. Normalmente não peço o dito “favor” de volta porque as pessoas com quem trabalho para os meus projectos são muito poucas.
No próximo projecto tenho produções e participações do Celso (que produziu sensivelmente 80% do EP), tenho uma produção/participação do Rusty e outra do Dj Scotch.
Em termos de participações de Mcs tenho como convidados o Damani, o D.K, Jêpê, e Vekopz.


Juicy : Tal como perguntei ao Jêpê e visto seres conhecido por seres do Porto, o teu trabalho pode ser considerado Made in Porto?

Jimmy : Não pode ser considerado … ELE TEM DE SER CONSIDERADO como sendo do Porto!
Por mais que as pessoas tentem impor barreiras sonoras, linguisticas, raciais ou musicais nunca vao conseguir faze-lo porque esta cidade também é minha! E já dei provas mais do que suficientes que o meu nome é cartao de visita do Rap desta cidade.
Há quem defenda que o meu Rap não tem pronúncia, B’s, ou palavroes suficientes para ser considerado daqui…eu defendo que tenho o direito a reivindicar esta cidade como minha tanto, ou mais, do que qualquer um desses individuos!
Logo, o meu RAP é 150% made in Porto!

Juicy : És um membro assumido do Colectivo, " Divisão de Honra". Como estão as coisas a correr e quais são os vossos objectivos para o futuro?

Jimmy : Estão a correr lindamente. Estivemos a gravar faixas para o álbum da DH o que permitiu testar o mercado e ver como as pessoas reagem ao que fazemos. O resultado foi mais do que positivo, abriram-se algumas portas, logo, estamos a trabalhar de forma a enriquecer o projecto.


Juicy : Ouvi dizer que foste tu que lançaste Deau ... É verdade? Se sim, em que "termos" estás tu envolvido na promoção de novos talentos?

Jimmy : Bom, não posso dizer que fui eu que o lancei porque o Deau já rimava antes de o conhecer. O que aconteceu foi o seguinte: conhecemo-nos, vi-o a dar freestyle e percebi que tinha aquilo que poucos Mcs conseguem ter: Carisma. Convidei-o para fazer parte duma das minhas mixtapes, ele entrou, e deu-me um clássico. Ele conseguiu fazer com 1 som o que muitos Mcs não conseguem em anos de carreira: pôr as pessoas a falar sobre ele sem sequer saberem quem ele era.
Não sei até que ponto estou envolvido na promoção de novos talentos. Nunca pensei nisso dessa forma. Apenas parto do pressuposto que se há pessoas com talento, quero trabalhar com elas para aprender e enriquecer a minha música. Essa sempre foi a minha filosofia porque acredito que não ganhamos nada em fechar-nos sobre nós mesmos.
Se há pessoas que despertam o meu interesse procuro fazer algo com estas porque sei que no final todos vamos ganhar com isso.


Juicy : Explica-nos o conceito da Ilegal Promo e como surgiu a ideia? 

Jimmy : A ideia Ilegal Promo surgiu há uns anos atrás como uma forma de promoção: um street team, artistas e um manager. Com o tempo essa estrutura foi-se diluindo e acabei por ser eu a levar a ideia adiante.
Acabou por tornar-se numa plataforma de ediçao de projectos independentes. Foi daí que surgiram os volumes Ilegal promo, os volumes Live On Stage.
Por outro lado, foi ao abrigo desse selo que organizei festas e concertos para que os consumidores associassem Ilegal promo a um padrão, um estilo.
Actualmente, e visto que já há condiçoes para tal, é uma label de edições independentes.

JuicyMuitos rappers têm um preconceito com música que começa a ser comercial. Muitos defendem que um rapper enquanto underground deve continuar assim e muitos têm a oportunidade de fazer música para "massas". Qual é a tua posição em relação a esta questão?
Jimmy : Honestamente acho que isso é uma grande tanga! Esse papo do comercial vs underground. Até porque todos os artistas estao a procura do mesmo: reconhecimento.
O ser comercial é relativo porque a tua música por de ser super pesada e não entanto venderes milhões de discos: és um artista comercial na mesma porque vendes muito.
O ser underground é um estado de espírito, não tem haver com patamares de definição musical porque se perguntares ao rappers do underground se querem vender, de certeza que te vão responder que querem! Se disserem que não querem, ou estão convencer-se da sua própria mentira, ou convencer-te a ti da mesma.
A minha posição é muito simples: fazer boa música e fazer dinheiro com ela!

Juicy : Já sabemos que para um rapper conseguir uma editora em Portugal, nem sempre é fácil e que a falta de apoio é claramente visível... Como está a tua situação?

Jimmy : Durante este ano estive em contacto com algumas editoras e apenas posso dizer que não compensa. Mais vale fazer as coisas de forma independente porque não tens de partilhar direitos com ninguém. Só dependes de ti …
Acontece que em 99,9% dos casos, os deals discográficos são um autêntica exploração. Há artistas que até assinam com boas editoras, passam na rádio, fazem vídeos … mas não recebem nada porque são “obrigados” a vender os masters…logo, abdicam daquilo que lhes pertence.
Eu não estou disposto a isso, é por esse motivo que vou editar o meu trabalho de forma independente (financio a ediçao, videos e tudo que é inerente a esse projecto).

Juicy Por último, uma mensagem a todos os leitores do Juicy PT e claro, todos aqueles que gostam da tua música.

Jimmy : Continuem a apoiar a iniciativa Juicy porque é bom ter formas de divulgação imparciais.
Quanto ao resto, fiquem atentos ao EP “ A Caminho da Lua “, disponível para compra/encomenda a partir de Dezembro aqui no Blog Juicy PT.









Visitem: http://juicypt.blogspot.com/2010/11/juicy-exclusivo-supremo-g-ou.html


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